A concordância verbal é um dos pilares da gramática normativa da língua portuguesa. Trata-se da relação de harmonia entre o sujeito e o verbo em uma oração, onde o verbo precisa se ajustar em número e pessoa ao sujeito que o rege. Parece simples, mas é justamente aí que muitos cometem deslizes, seja na fala ou na escrita.
Neste artigo, você entenderá de forma clara e objetiva o que é concordância verbal, suas regras, os casos mais comuns de erro e como evitar escorregões gramaticais. Vamos lá?
O que é Concordância Verbal?
A concordância verbal é a regra gramatical que determina que o verbo deve concordar com o sujeito em número (singular ou plural) e em pessoa (primeira, segunda ou terceira pessoa). Em outras palavras, se o sujeito está no singular, o verbo também deve estar no singular; se o sujeito está no plural, o verbo deve acompanhar essa flexão.
Exemplos:
- Eu canto uma canção. (Sujeito “eu”, primeira pessoa do singular – verbo na mesma forma.)
- Eles cantam uma canção. (Sujeito “eles”, terceira pessoa do plural – verbo no plural.)
Casos Especiais de Concordância Verbal
Para dominar a concordância verbal, é fundamental conhecer algumas regras simples, que se aplicam à maioria dos casos. Vamos a elas:
1. Sujeito Simples
O sujeito simples é aquele que possui apenas um núcleo (palavra principal). Quando o sujeito é simples, o verbo concorda diretamente com ele em número (singular ou plural) e pessoa (primeira, segunda ou terceira).
Exemplos:
- O aluno estuda todos os dias para as provas.
- Aqui, “o aluno” é o sujeito simples, está na terceira pessoa do singular, e o verbo “estuda” concorda com ele.
- As estrelas brilham no céu durante a noite.
- “As estrelas” é o sujeito simples no plural, então o verbo “brilham” acompanha a pluralidade do sujeito.
2. Sujeito Composto
Quando o sujeito é composto, ou seja, possui dois ou mais núcleos (duas ou mais palavras que exercem a função de sujeito), o verbo geralmente vai para o plural. A concordância se dá com todos os núcleos do sujeito.
Exemplos:
- João e Maria correm no parque todas as manhãs.
- O sujeito “João e Maria” é composto por dois núcleos, “João” e “Maria”, portanto o verbo “correm” vai para o plural.
- O vento e a chuva derrubaram várias árvores durante a tempestade.
- Aqui, “o vento e a chuva” formam um sujeito composto, então o verbo “derrubaram” está no plural para concordar com ambos os núcleos.
Exceções:
- Se os núcleos do sujeito composto forem sinônimos ou expressarem a mesma ideia, o verbo pode ficar no singular.
- O calor e a quentura do sol cansava os trabalhadores.
- Se os núcleos estiverem em gradação, o verbo concorda com o mais próximo.
- O medo, a angústia, a tristeza tomou conta de todos.
3. Sujeito Inexistente (Verbos Impessoais)
Os verbos impessoais, como haver (no sentido de existir) e fazer (indicando tempo), ficam sempre na terceira pessoa do singular.
Exemplos:
- Há muitas pessoas na festa. (Verbo “haver” no singular, mesmo com o sujeito “muitas pessoas” no plural, pois aqui não há sujeito direto.)
- Faz dois dias que chove. (Verbo “fazer” indicando tempo também fica no singular.)
4. Sujeito Posposto ao Verbo
Em algumas construções, o sujeito vem depois do verbo. Ainda assim, a concordância deve ser feita corretamente.
Exemplo:
- Chegaram os amigos. (O verbo “chegar” vai para o plural, pois o sujeito “os amigos” está no plural.)
5. Concordância com Sujeito Partitivo
Quando o sujeito é uma expressão partitiva (metade de, a maioria de, parte de), o verbo pode concordar tanto com o partitivo quanto com o termo preposicionado.
Exemplos:
- A maioria dos alunos estuda com afinco.
- A maioria dos alunos estudam com afinco.
Ambas as formas são aceitas pela norma culta.
6. Concordância com Pronome de Tratamento
Os pronomes de tratamento, como “você”, “Vossa Excelência”, “Vossa Santidade”, exigem que o verbo seja conjugado na terceira pessoa, apesar de se referirem a um interlocutor direto.
Exemplo:
- Você é muito inteligente.
- Vossa Excelência pediu a palavra.
7. Concordância com Sujeitos Coletivos
Quando o sujeito for um coletivo (como “grupo”, “bando”, “multidão”), o verbo fica no singular, já que o coletivo se refere a um conjunto de elementos como uma unidade.
Exemplo:
- O bando de pássaros sobrevoou a cidade.
Erros Comuns na Concordância Verbal
Mesmo com regras claras, erros de concordância verbal são frequentes. Conheça os principais deslizes e como evitá-los:
1. Plural com Sujeito Singular
Um dos erros mais comuns é colocar o verbo no plural quando o sujeito está no singular.
Erro: A gente fomos ao cinema.
Forma correta: A gente foi ao cinema.
2. Sujeito Composto Anteposto com Verbo no Singular
Outro erro recorrente ocorre quando há um sujeito composto antes do verbo, e este é colocado no singular.
Erro: Pedro e Maria gosta de sorvete.
Forma correta: Pedro e Maria gostam de sorvete.
3. Discordância com Pronomes de Tratamento
Muitos falantes erram ao usar o verbo na segunda pessoa, quando o pronome de tratamento exige a terceira pessoa.
Erro: Você tens razão.
Forma correta: Você tem razão.
Conclusão
A concordância verbal é uma regra fundamental na escrita e na fala, e dominá-la é essencial para quem deseja se comunicar de forma clara e correta. Ao seguir as regras e evitar os erros comuns, você estará no caminho certo para escrever com mais confiança e precisão.